O esporte e eu

Quando eu era criança, eu achava que Deus era a união de todos os dons das pessoas do mundo: todo mundo era muito bom em uma coisa, e essa coisa, era o pedaço de Deus na pessoa.

Lindo, né? Fiquei frustrada quando eu percebi que minha contribuição para com o divino era o sarcasmo.

Eu não cantava bem; eu não dançava bem; eu não interpretava bem; eu não era boa em matemática, logo, não melhoraria o mundo com a engenharia; eu não me tornei médica; eu não vou ajudar o mundo praticando direito; EU ERA UMA BOSTA NO ESPORTE.

E por que eu achava que eu era ruim no esporte?? Vem comigo:

Desde criança minha mãe percebeu que eu ia ser esquisita. Eu era grande. E gorda. Costumo dizer que eu tenho a mesma altura desde os nove anos. E íacho que é isso mesmo, sem exageros. Dai logo cedo minha mãe me colocou no ballet. Não quis mais ir, quando num exercício,  a professora mandou a gente fingir que se maquiava. Eu tinha uns 5 anos. Eu pintei os olhos, pintei as bochechas e, pintei o nariz. Ela deu um berro comigo: VOCÊ VAI SER UMA PALHAÇA???

Eu não sabia o que eu ia ser, mas poxa, era maquiagem, eu queria pintar a cara toda. Nunca mais voltei.

Com 8 anos minha mãe me colocou na natação e no basquete. Eu morava em Santo André e tinham aulas gratuitas nos EMEI. Da natação eu fazia tudo bonitinho. Quando tinha a pranchinha. Tirava a pranchinha eu parecia um cachorro se afogando. No basquete, eu corria, eu batia a bola, eu só não conseguia fazer cesta e roubar bola do outro time.

Daí eu fui pra ginástica olímpica. Só que eu tinha medo de virar estrelinha.

Na escola, na sexta e sétima série, comecei a participar de campeonatos. O primeiro foi de volei. Chegamos à final e perdemos para um time com um jogador a menos. Eu era aquela pessoa que eles sacavam em cima porque sabiam que eu não ia receber. O último ponto do jogo foi meu, inclusive. Um saque pra fora.

Um ano depois eu fui para o futebol e fomos campeões! Eu fiquei no banco.

Quando mudamos pra Socorro, eu voltei pro basquete. No primeiro jogo, depois da partida eu estava no banheiro e ouvi uma menina dizer: a gente só perdeu por causa daquela grandona. A hora que eu sai da casinha uma menina fez xixi na calça, de medo. Logo, entendi que a grandona era eu.

Decidi virar sedentária mesmo. No máximo fazia umas caminhadas com as minhas amigas, depois parava comer um x-egg na lanchonete do caminho de casa.

Já não sou mais tão grandona assim, no alto dos meus 1.62 metros (mas se você parar para pensar, com 9 anos, era alta sim!) fiquei obesa também.

Com os 30 batendo na porta resolvi emagrecer. Fui pra musculação e depois pra corrida. Deu certo.

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Só que assim, eu também não sou lá essas coisas em nenhum dos dois. Mas, para emagrecer, deu certo.

Mas eu ainda sentia falta de um esporte coletivo pra chamar de meu. Tentei um time de futebol feminino, que não virou. Até que em um treino de corrida, vi umas meninas com camiseta de futebol americano. Fui conversar com elas. Dei sorte de falar de cara com a capitã do time, que me disse que elas jogavam Flag Football, uma modalidade do futebol americano com menos contato e menos jogadores em campo. Fui, gostei e me achei.

Eu não sou a mais rápida, nem a mais esperta, nem a que recebe melhor a bola. Mas para a minha posição, eu sou exatamente o que eu preciso ser e isso é sensacional.

Sei lá, Deus, se quiser adicionar à lista de dons junto com o sarcasmo, põe a defesa do flag football!

Uma pena só eu já ter passado dos 30 e provavelmente minha carreira seja curta, mas vamos aproveitar enquanto é tempo, né? Que ano que vem tem Copa América e EU VOU!

 

7 comentários

  1. Nossa, que da hora! Você achou seu “esporte”, rs.. Eu nunca achei o meu, viu. Na escola joguei voley, não era a vergonha do time, muito menos a estrela. Hoje não sei nem dar manchete. Eu até gosto de correr, depois que já to na rua e suada.. Levantar do meu sofá pra sair correndo por ai? Morro de preguiça. A ideia de nadar numa piscina olimpica me parece muito linda, tranquilizante, quase cinematográfica de tão bela, mas ficar com o cabelo duro de cloro? NEMFU. Enfim.. meu esporte favorito é ser sedentária mesmo. Logo, estou batendo palmas aqui pra você.

    1. Gabi, corrida pra mim é tortura! Eu não gosto de sair de casa pra correr, enquanto eu estou correndo eu penso o que eu poderia estar fazendo naquele momento. Quando eu termino, eu não sinto o prazer que todo mundo fala. Por que eu continuo?? Porque eu adoro ver que no começo eu corria 12 minutos correndo, e da ultima vez fiz 8k em 53 minutos. O que é um tempo ridículo, mas para mim foi sensacional!
      Se quiser tentar o flag dia desses, vem pra Paulínia treinar com a gente!

  2. aêêê! nunca é tarde mesmo, né, frau pires?!
    eu só comecei mesmo com a crise dos 25 (ou a crise dos 20 tardia… ou a crise dos 30 adiantada?). passei minha infância e adolescência dando um jeito de escapar das aulas de educaçäo física: afinal, quem queria uma baixinha, gordinha e de óculos no time?
    acho que por isso esportes coletivos nunca foram (e parece que nunca väo ser mesmo) meu forte… corro há 7 anos, mas tenho deixado o tênis com poeira por causa do yoga que é meu queridinho agora. quero ser uma velhinha fit. vejamos

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